Terceirização do serviço de transporte por aplicativo

Por Núbia Cristina*

O contingente expressivo de pessoas desempregadas impulsiona o mercado de serviços de transporte por aplicativos. Não é novidade que as vendas para profissionais desse setor aumentam o faturamento de revendas de novos e seminovos e transformam as locadoras em players cada vez mais importantes nesse jogo. Mas o fenômeno inusitado é o surgimento de um novo tipo de competidor nesse mercado.

São as pessoas com acesso ao capital econômico e renda suficiente para financiar a compra de pequenas frotas, de cinco, 10, 20 carros, que são alugados a motoristas por aplicativo. Essa prática é comum em Salvador: sem acesso a crédito ou recursos para comprar carros, os motoristas alugam esses veículos de pessoas físicas. Esses ‘investidores’ faturam o suficiente para pagar as parcelas do financiamento e ainda têm lucro.

Os donos de pequenas frotas são concorrentes das locadoras de automóveis. Motoristas de app ouvidos por A TARDE Autos explicaram que esse modelo está se popularizando entre a categoria, porque a maioria desses ‘investidores’ instala o kit GNV no carro, oferecendo uma vantagem competitiva, que é a economia do custo de combustível. A frota disponibilizada pelas locadoras roda com motor flex (etanol ou gasolina) ou a diesel, e o gás natural tem um custo muito menor.

Outro detalhe avaliado pelos motoristas é que em caso de sinistro o motorista que tem contrato com locadora de automóvel tem de pagar a franquia do seguro. Mas quando o veículo é alugado de uma pessoa física, o motorista deixa um caução de R$ 1.500 a R$ 2 mil, para cobertura em caso de sinistro.

Alguns gerentes de redes de concessionárias confirmam essa prática. Será que a nova onda de transporte urbano por app vai fortalecer uma figura similar ao empreendedor que, no passado, comprava carros e investia em alvarás para dirigir táxi, contratando taxistas para rodar nos carros deles?

Em Salvador, a autorização para circular como taxista chegava a custar entre R$ 100 mil e R$ 125 mil, e o rendimento mensal compensava o valor inicial investido. Do mesmo modo que os taxistas que dirigiam táxi de terceiros não estavam satisfeitos com a remuneração pelo serviço, hoje, os motoristas por aplicativo afirmam que é muito trabalho e pouco retorno.

*Jornalista, empreendedora, editora do Caderno A Tarde Autos e diretora do Papo Empresarial; este texto foi publicado no jornal A Tarde, em 11.03, na coluna Auto Brasil.
Núbia Cristina, 20.MARÇO.2020 | Postado em Notícias
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