Salão do Automóvel de São Paulo precisa se reinventar

Núbia Cristina Santos*

A empresa que organiza o Salão do Automóvel de São Paulo, a Reed Exhibitions, bate pé firme e anuncia que o evento vai acontecer entre 12 e 22 de novembro, no São Paulo Expo, com sucesso, atrações tecnológicas e inovadoras, e até prêmios para atrair a participação do público.
 
Mas a verdade é que a debandada de fábricas de peso, um total de 14 até o momento, jogou um balde de água fria no salão e deixa claro que ele precisa se reinventar. Montadoras como a Chevrolet, Toyota, Hyundai, Lexus, BMW (junto com a Mini), além das marcas Mitsubishi e Suzuki anunciaram que não participarão da 31ª edição do Salão do Automóvel.
 
Entre as novidades, para compensar as baixas, a Reed Exhibitions confirmou a criação de uma pista específica para a demonstração de carros autônomos, algo inédito. Haverá ainda pista para veículos elétricos e híbridos, além de nova pista off-road. No cardápio, carros de corrida das principais categorias do automobilismo, em exibição e para demonstrações na pista. 
 
Mas tudo isso não basta, já que os fabricantes questionam o custo-benefício de participar de um evento com perfil apenas expositivo, sem potencial para geração de vendas, negócios e lucro imediato. Na direção para atender a esse anseio por vendas, os organizadores criaram possibilidades.
 
A tecnologia de QR Codes será uma aliada no esforço para geração de vendas. Isso porque cada visitante terá QR Code exclusivo em seu ingresso, e quando manifestar interesse em algum carro, serviço ou produto, o expositor poderá fazer a leitura do QR Code para ter acesso às informações do consumidor, o que permite continuar a negociação, e quem sabe efetivar a venda.

Os visitantes poderão usar um aplicativo próprio do evento, para ler QR Codes de veículos e atrações, além de concorrer a promoções e ganhar prêmios. São válidos os esforços da Reed Exhibitions para realizar o Salão do Automóvel 2020 com êxito. O evento tem uma importância histórica para o mercado local.
 
Mas não dá para ignorar que o formato precisa ser repensado. Especialistas apontam que o esvaziamento dos salões é uma tendência global, uma vez que a indústria automotiva em todo o mundo passa por um momento disruptivo, onde há crises, pressões para redução de custos e apostas em novas formas de contato com o consumidor.
 
A estimativa de investimento para as marcas que participam do Salão do Automóvel de São Paulo é entre R$ 5 milhões e R$ 20 milhões, conforme o espaço. Em todo o mundo, os salões do automóvel buscam adequação aos novos tempos. Cada país deve encontrar seu formato, o que não é simples. É como trocar os pneus com o carro andando em alta velocidade. Um desafio e tanto.
 
*Texto publicado no jornal A Tarde, em 12.02.2020, na coluna Auto Brasil, de A Tarde Autos.
Núbia Cristina é jornalista, empresária, consultora de comunicação e editora de A Tarde Autos.

Núbia Cristina, 13.FEVEREIRO.2020 | Postado em Notícias
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